Reginaldo Faria lembra desfecho marcante de ‘Vale tudo’: ‘A cena da banana foi a mais contundente’
Quem viu jamais esquecerá. Quem não viu, também. Como apagar da
memória os constantes ataques verbais da megera Odete Roitman, querida
por causar tanto ódio? Como não conhecer a debochada postura de Marco
Aurélio, que fugiu do país oferecendo uma gestual banana aos
compatriotas? As imagens são clássicas. Vinte e seis anos após o fim de
“Vale tudo”, estão vivas no imaginário do povo brasileiro. E atuais.
—
Foi tudo muito forte. A cena da banana, por exemplo, foi a mais
contundente. É, aliás, por onde eu sou mais lembrado. Para quem atua,
isso é um prato feito. É uma beleza pegar um papel desses! Você precisa
fazer um personagem fascista para que as pessoas entendam o que
significa o fascismo — analisa Reginaldo Faria, intérprete do nefasto
Marco Aurélio, corrupto homem de negócios: — Com a novela, atingimos uma
consciência que precisávamos ter na época. O engraçado é que hoje a
gente vê a mesma coisa, mas de uma forma bem mais acachapante. É uma
novela contemporânea!
Beatriz Segall que o diga. Ainda hoje, a atriz é chamada de Odete
Roitman quando circula nas ruas. Inevitável. “Mas acontece bem menos do
que antes”, frisa a artista de 89 anos, reforçando não enxergar
problemas com a recorrente referência ao trabalho.
— Quando uma
produção é muito bem feita, bem dirigida e bem interpretada, a coisa
ganha uma importância enorme. Muita gente acha que a televisão não é
feita para educar. Mas o fato é que, sim, ela educa! Com “Vale tudo”,
foi assim. Era a primeira vez que se mostrava a corrupção com clareza,
para que o público pudesse compreender — defende Beatriz.
Antes de embarcar no universo da protagonista Raquel, Regina Duarte
não tinha noção das proporções que o folhetim poderia tomar. Hoje, a
sofrida mãe de Maria de Fátima (Gloria Pires) faz parte do seleto time
das grandes personagens da TV. Impossível deixar escapar dos ouvidos os
potentes gritos da mulher que chegou a vender sanduíches para dar a
volta por cima.
— As pessoas lembram muito. Foi um marco, e eu
tinha acabado de fazer a Viúva Porcina em “Roque Santeiro” (1985), ainda
assustada com o que viria depois daquele sucesso retumbante. Lembro de
me perguntar: “E agora, o que vou fazer para manter o bom nível?”. Logo
depois veio a Raquel, numa novela tão icônica quanto a anterior —
festeja.
Glória Pires: ‘Como esquecer algo tão bacana!?’
Como
Beatriz e Regina, Gloria Pires carrega até hoje o peso de um personagem
tão emblemático. Mas não se assusta. Tampouco lamenta. A atriz adora
quando é abordada pelo público para recordar as tramoias escabrosas de
Maria de Fátima. Sim, ela entrou para o rol das maiores vilãs da TV
brasileira.
— Personagens são como filhos... Eles podem e devem
coexistir. Como eu poderia querer que esquecessem algo que considero tão
bacana?!? — ressalta Glória, elegendo a pior maldada destilada na
telinha: — Entre vender a casa aonde a mãe e o avô humildes moravam,
roubar o namorado da melhor amiga, vender o filho ou quase arruinar a
vida amorosa da mãe? Deixar a mãe e o avô sem moradia foi a pior!
O
trabalho marcou ainda uma preciosa parceria entre a atriz e o autor
Gilberto Braga, que viriam a se encontrar novamente em outros quatro
folhetins.
— Quando nos conhecemos, houve uma empatia imediata.
Isso não tem explicação. É uma confiança além de questões práticas —
afirma, sem deixar de reforçar: — Considero um grande momento, uma
preciosa a parceria entre Gilberto (Braga) e Aguinaldo Silva. A trama
condutora era muito bem urdidam forte e coesa.
FONTE: Jornal Extra
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